rcorreablog

Just another WordPress.com site

Posts Tagged ‘wacc regulatorio

Brasil Energia – Governo novo, companhia nova?

leave a comment »

Declaração na Brasil Energia:

Com a posse dos novos governadores, a atenção do mercado se volta para as concessionárias de energia sob controle estadual. Celg, Celesc e Copel estão entre as empresas que poderão passar por mudanças potencialmente positivas. Analistas apostam que é a oportunidade de arrumar a casa e avançar nos investimentos. Já na Cemig não é esperada mudança de estratégia. Ao que tudo indica, a companhia mineira continuará com apetite insaciável para aquisições.

Após um longo período de hibernação, Cesp e Emae poderão surpreender. E o sistema Eletrobras, apesar da continuidade esperada no governo Dilma Rousseff, também não estará livre de transformações, já que será necessário, pelo menos, acomodar interesses aliados. O que se prevê, porém, é uma continuidade no protagonismo da estatal federal e vocação para liderar grandes projetos.

Há ainda o caso diferenciado da Light. Privada, sim, mas, na prática, controlada por uma estatal.

Copel mais paranaense

O otimismo cerca a Copel. O fim da era Requião foi recebido com alívio pelos analistas. Já a futura gestão é tida como um padrão mais alinhado com o que o mercado considera correto, ou seja, gerador de valor. “Beto Richa (governador do Paraná) apresenta qualidade de risco similar à de um Antonio Anastasia (governador de Minas Gerais)”, compara Ricardo Correa, da corretora Ativa.

A companhia paranaense, porém, deverá recuar na agressividade apresentada em 2010 em leilões oficiais de transmissão e geração. O foco deverá retornar à sua área de concessão. Não se descarta no entanto algum negócio fora das fronteiras, desde que a legislação estadual venha a ser modificada, permitindo participações minoritárias. “A Copel é pouco alavancada. Tem caixa. Ou investe ou distribui o lucro, porque vem pagando pouco dividendo”, complementa Rosângela Ribeiro, da SLW.

Marcos Severine, estrategista da Itaú Corretora, acredita na vertente do investimento. “À medida que a empresa for alcançando sucesso nos projetos de geração e transmissão, vai se habilitar à captação de recursos do BNDES”, opina ele.

Entre o céu e o inferno

Celesc e Celg ainda têm muito a ganhar em eficiência. Teme-se que só quatro anos de uma gestão mais ajustada não sejam suficientes para resolver questões estruturais.

A recente ação do Ministério Público contra o plano de demissão voluntária na Celesc foi considerada um balde de água fria. De positivo, se enxerga uma disposição à melhoria operacional e a intenção dos acionistas minoritários de participar mais ativamente das decisões.

Será necessário ainda um choque de gestão que tornaria a Celesc um alvo positivo no caso de eventual incorporação por parte da Copel ou mesmo da Cemig, pretendentes de primeira hora. Sem essas reformas, fica difícil concretizar qualquer tipo de negócio. Mas com ativos interessantes e pouca perda, a distribuidora catarinense é uma noiva potencialmente atraente.

Afogada em dívidas, a Celg é vista com reserva. Teme-se que o financiamento de R$ 3,7 bilhões obtido pelo governo estadual da Caixa Econômica Federal (CEF), com aval da União e participação da Eletrobras na gestão, acabe tão somente anestesiando um problema histórico. “A Eletrobras está salvando uma estatal financeiramente desequilibrada”, diz Correa, da Ativa.

Para Severine, do Itaú, a solução foi engenhosa. A saída com dinheiro federal tornaria a Celg adimplente com o setor e em condições de receber os reajustes tarifários da Aneel. Já a alternativa da federalização seria muito pouco proveitosa para o governo federal e com chance zero de ser bem recebida pelo mercado.

Entretanto, o Ministério Público Federal (MPF) de Goiás recomendou que a CEF não liberasse a primeira parcela, de R$ 1,2 bilhão, do empréstimo. O órgão pediu para que se aguardasse recurso contra a liberação do repasse feito pelo Tribunal Regional Federal (TRF). Até o fechamento desta edição, o caso estava sem solução.

A líder Eletrobras

Em relação ao grupo Eletrobras, a avaliação do mercado é de que a holding vem agindo corretamente. Sem apoio do governo será difícil o Brasil dar o salto necessário em infraestrutura para fazer frente a taxas anuais de crescimento da ordem de 5% a 5,5%.

A necessidade de investimentos, em particular na geração de energia, torna o protagonismo das federais muito bem-vindo, ainda que sempre deva contar com a parceria privada. Marcos Severine, do Itaú, faz as contas e mostra que o país vai precisar de R$ 30 bilhões em energia. E a Eletrobras tem disponível apenas R$ 9 bilhões.

A holding, entretanto, alerta o analista, vai ter de melhorar com urgência a sua comunicação com o mercado, voltando a fazer reuniões com investidores e aprimorando seus balanços. Sem essas providências simples ficará difícil dar conta da missão. Até mesmo o episódio da UHE Belo Monte já teria sido digerido com essas ações. Nesse caso, a obsessão da análise com foco quase exclusivo na taxa de retorno nem sempre é válida. (A.C.S.)

Controladora e controlada

A Cemig tem a seu favor a perspectiva de continuidade. O “risco Anastasia” é avaliado como muito similar ao “risco Aécio Neves”. A partir do segundo trimestre, contudo, antevê-se que a concessionária comece a enfrentar uma ressaca mais pesada, decorrente da agressividade das aquisições.

Em relação à Light, não se vê com bons olhos a possibilidade de a companhia convergir para padrões operacionais semelhantes aos de sua controladora Cemig. E há outra ameaça tão preocupante quanto essa. Não se descartam eventuais “trombadas” políticas, diretas ou indiretas, entre o governo mineiro e o governo fluminense, alinhado ao Planalto.

Emae ou Cesp?

Mantido o modelo do setor elétrico como está, centralizado na esfera federal, o retorno de Geraldo Alckmin ao Palácio dos Bandeirantes deve fazer pouca diferença para Cesp e Emae, as duas elétricas que restaram para administração estadual paulista. Ao longo da gestão de José Serra, a Secretaria de Saneamento e Energia alocou seu trabalho quase que totalmente na primeira atividade que lhe dá nome. A Emae, em razão disso, acabou ganhando mais desenvoltura que a Cesp, cuja atuação se limita apenas a uma vaga lembrança do que foi no passado.

Apesar da estranheza, na opinião de Correa há uma coerência nessa estratégia. A Emae tem como missão regular a vazão dos rios Pinheiros e Tietê e, com isso, também acaba responsável pela qualidade das águas de ambos. Não é à toa que continua em desenvolvimento – embora lentamente – o projeto de flotação do Pinheiros. Se tudo der certo, o canal ficará livre da poluição e, de quebra, a usina Henry Borden, com mais da metade da potência de cerca de 900 MW contingenciada há anos, pode vir a recuperar sua capacidade de geração.

Enquadram-se nessa linha os projetos de PCHs perseguidos pela companhia no Tietê, em eixos bem próximos da capital. É possível que as usinas contribuam para solucionar as condições sanitárias de cidades como Bom Jesus do Pirapora, conhecida nacionalmente pela enorme quantidade de espuma podre que escapa do leito do rio para invadir a área urbana. E há ainda a aposta em tecnologia de incineração de lixo, com produção simultânea de vapor industrial e energia.

Severine sugere cenário bem mais movimentado. Para ele, a Cesp poderá ter uma reviravolta surpreendente. Novas tentativas de privatização estão afastadas e, com alavancagem baixa, a empresa tem tudo para se tornar uma boa geradora de caixa. Poderá pagar dividendos robustos já a começar deste ano ou partir para novos investimentos, conforme anunciado pela direção durante a divulgação dos resultados do 3º trimestre.

Em contrapartida, a Emae, observa Severine, não está em situação confortável, porque vem perdendo receita. Valeria mais ser incorporada pela Cesp ou então pela companhia de saneamento do estado, a Sabesp. “Com Henry Borden sem condições de gerar, a situação da Emae é difícil”, reforça o analista.

Distribuição à beira de um ataque de nervos

Em paralelo à expectativa típica dos períodos de transição política há um desconforto extra. A tensão regulatória no segmento de distribuição atingiu níveis inéditos. Além do ranger de dentes envolvendo o custo médio ponderado de capital (WACC) da terceira revisão tarifária – muito aquém do desejado –, os dirigentes das empresas deixam transparecer que andam se estranhando.

O mercado interpreta o cenário como um processo de reestatização em andamento, com reflexos diretos sobre a tendência de consolidação no segmento. Há muitas dúvidas em torno do real papel assumido pelo Estado hoje no setor elétrico – se na condição de indutor ou de protagonista. Os fundos de pensão também não escapam de indagações quanto à transparência dos critérios que os guiam nos processos decisórios envolvendo investimentos.

Mais uma vez a visão de Marcos Severine, da Itaú Corretora, é bem menos catastrófica. Que deve haver um processo de consolidação nos próximos dois anos ninguém duvida, mas a forma como isso vai acontecer pode trazer uma dinâmica diferente ao setor como um todo.

A previsão é que tanto o BNDES como os fundos de pensão poderão se desfazer de posições no setor elétrico para se dedicar mais à infraestrutura. Serão abertas, dessa forma, oportunidades para o capital privado. Há uma aposta também em que a Aneel deverá rever as questões da terceira revisão tarifária, justamente para evitar riscos de descapitalização do setor elétrico.

Exame – Regulação ataca e derruba ações das distribuidoras de energia

leave a comment »

Declaração na Exame:

Os investidores do setor elétrico estão tensos nesta semana. As distribuidoras de energia, conhecidas como boas pagadoras de dividendos e como um porto seguro ao lado das geradoras em momentos de crise, foram surpreendidas na quarta-feira (8) com a proposta de revisão tarifária anunciada pela Aneel, agência que regula o setor elétrico. O regulador pegou o mercado despreparado ao oferecer uma taxa de retorno de 7,15% ao ano, enquanto o consenso oscilava entre 8% e 8,5% ao ano.

“Acreditávamos que o modelo regulatório estava amadurecido, mas ele regrediu e, qualquer mudança na regra durante o jogo, não é saudável. A revisão implica em perdas relevantes no longo prazo e diminui a expectativa de fluxo de dividendos”, destaca o analista Ricardo Corrêa, da Ativa Corretora. A taxa proposta no terceiro ciclo regulatório ficará em audiência pública até o dia 10 de dezembro. Apesar disso, há pouca expectativa de uma grande mudança. A taxa deve ficar em torno de 7,5%, apontam analistas.

A notícia cai como uma bomba sobre as empresas do setor que têm grande parte de suas receitas ligadas à distribuição. As ações do setor despencaram até 5% na quarta-feira e continuam a ceder forte na sessão de hoje. Em relatório o JP Morgan lista as companhias com maior exposição: Eletropaulo (100%), Light (85%), Celesc (95%), Equatorial (95%), Copel (40%), Cemig (25%), Energias do Brasil (50%) e CPFL Energia (65%). Para os analistas Anderson Frey e Pedro Manfredini, mesmo com a forte queda de ontem, ainda há espaço adicional para a queda dos papéis da Celesc e Eletropaulo.

Eletropaulo perde

E é justamente a distribuidora paulista a que deve sofrer mais com a mudança na taxa. De acordo com o cálculo do Credit Suisse, a Eletropaulo verá uma perda de 12% nos lucros e de 17,4% no Ebitda (Lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) em 2012. Para o próximo ano, o lucro cairia 8,7%.  Os analistas Vinicius Canheu e Carlos Lucato acreditam que CPFL, Energias do Brasil e Cemig provavelmente irão sofrer menos, dado a diversificação para outros segmentos.

“Um velho paradigma volta a assombrar: Os reguladores determinam o valor das distribuidoras”, disparam os analistas do BTG Pactual, Antonio Junqueira, Gustavo Gattass e Rafael Fonseca. “Dito isso, mantemos a nossa visão cautelosa para o setor de serviços públicos, favorecendo o stock picking como a estratégia de investimentos (ao contrário de ficar positivo com todo o setor)”, dizem em relatório.

Written by Ricardo Corrêa

September 9, 2010 at 2:40 pm